Há quase 20 anos o Projeto Toninhas atua buscando informações sobre os aspectos ecológicos e biológicos das toninhas, possibilitando uma melhor compreensão da história natural da espécie, assim como do ecossistema onde ela vive. A Baía Babitonga abriga a única população de toninhas residente em ambiente estuarino e com elevado grau de isolamento populacional, estimada em cerca de 50 indivíduos. Esta área é percorrida periodicamente ao longo de uma rota pré-determinada para o registro dos grupos de toninhas e também de outra população de golfinhos que reside na baía, os botos-cinza. Todas as informações obtidas nas coletas de campo são incluídas em banco de dados usados para gerar subsídios à conservação da toninha.

Além das toninhas, a Baía Babitonga também é abrigo de uma população residente de botos-cinza (Sotalia guianensis). O Projeto Toninhas também pesquisa e monitora essa população, considerada ameaçada de extinção no estado de Santa Catarina. Métodos de fotoidentificação, bioacústica e monitoramento acústico passivo também são empregados para a coleta de dados sobre os botos-cinza, resultando em informações sobre a biologia e ecologia desta espécie. Além disso, o Projeto também utiliza o método de amostram de biópsias, utilizando uma balestra e flechas modificadas para coletas de tecido dos animais vivos, permitindo a realização de análises de genética e contaminação dos animais. Pesquisas com outras espécies de golfinhos e baleias também são conduzidos em parcerias realizadas entre o Projeto Toninhas e diversas instituições nacionais e internacionais.

O recolhimento de carcaças de animais encontrados mortos nas praias consiste em um dos principais métodos de coleta de dados sobre cetáceos ao redor do mundo. O Projeto Toninhas realiza o monitoramento das praias do litoral norte de Santa Catarina há quase vinte anos, porém, a partir de 2015 o monitoramento da linha de costa passou a ser feito de forma sistemática e diária pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos, parceiro do Projeto Toninhas, o que possibilitou um grande aumento no número de material biológico coletado para estudos. Estas informações vêm sendo utilizadas pelo Projeto Toninhas em diversos estudos, como sobre a biologia reprodutiva, reunindo dados de idade e maturidade sexual; análises de padrões de encalhe e mortalidade; análises das patologias que atingem a espécie, definição da causa mortis, entre outras.

A disponibilidade de presas é um fator determinante na sobrevivência de espécies predadoras, como os golfinhos, influenciando na sua distribuição e comportamento. Para uma maior compreensão destes fatores, a relação entre a área de vida das toninhas e a distribuição de suas presas na Baía Babitonga é uma questão importante ser monitorada. Para tanto, as carcaças encontradas nas praias são analisadas e seus tratos digestivos triados, a fim de identificar as espécies de presas mais representativas na dieta da espécie. O Projeto Toninhas também realiza amostragem de peixes por meio de variadas técnicas de pesca, como cerco de praia, emalhe e arrasto de fundo.

Como a captura acidental é a principal ameaça para a conservação das toninhas, a avaliação da pesca e seu uso do território é essencial para a elaboração de medidas que reduzam esse impacto. A pesca artesanal é a atividade característica da Baía Babitonga, com a presença de comunidades de pescadores artesanais no entorno da baía. Um levantamento dos pescadores e petrechos de pesca utilizados na baía foi realizado por meio de consultas às Colônias e Associações de Pescadores e de questionários de pesquisa aplicados durantes visitas de campo. Estas informações geram documentos e publicações que constituem importante subsídio para o desenvolvimento das ações do Projeto. No território da APA da Baleia Franca, além de entrevistas, o Projeto realiza oficinas coletivas de mapeamento da pesca e da captura acidental. Com isso, o Projeto tem a oportunidade de experienciar a elaboração de propostas de gestão da pesca de forma participativa, pois esse território é uma Unidade de Conservação.

Rastreamento Satelital

O Projeto Toninhas foi o primeiro a realizar capturas de golfinhos marinhos para a colocação de transmissores satelitais no Brasil, em parceria com pesquisadores dos EUA e Argentina. Em 2011 e 2013 foram instalados transmissores em toninhas da Baía Babitonga, que foram monitoradas por um período de 7 dias até quase 4 meses. A pesquisa possibilitou elucidar informações sobre o tamanho da área de vida, o uso de habitat e o grau de estabilidade dos grupos de toninhas. Além disso, esse método comprovou que essas toninhas são residentes, ou seja, passam todo o seu ciclo de vida na Baía Babitonga.

Rastreamento Satelital
MONITORAMENTO
FOTOGRÁFICO E AÉREO

MONITORAMENTO FOTOGRÁFICO E AÉREO

A fotoidentificação é um método que permite reconhecer os indivíduos na natureza a partir de suas características físicas, no caso das toninhas, marcas na nadadeira dorsal. Na Baía Babitonga a fotoidentificação é utilizada desde 2011 em toninhas e permitiu, até agora, a construção de um catálogo com 30 indivíduos residentes. O método permite o desenvolvimento de diversos estudos, como estimativa do tamanho da população, área de vida dos indivíduos, uso do habitat, intervalo de nascimento de filhotes e outras informações da história de vida dos animais.

Os estudos utilizando a fotoidentificação já contribuíram de forma significativa para gerar conhecimentos, monitorar a população e subsidiar estratégias de conservação para mitigação de impactos sobre a espécie. Devido ao comportamento da espécie e a dificuldade em amostrar áreas de grande proporção, utilizamos levantamentos aéreos através de sobrevoos para estudar toninhas em mar aberto. A fim de conhecer e monitorar o tamanho da população de toninhas que habita as águas costeiras na distribuição da espécie, levantamentos aéreos foram realizados em duas oportunidades pelo Projeto Toninhas, ao longo da costa de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esses estudos têm gerado resultados muito relevantes para o conhecimento sobre a distribuição, uso do habitat e abundância da espécie em mar aberto.

Bioacústica

Bioacústica

A bioacústica é uma técnica eficiente para investigar vários aspectos ecológicos e comportamentais dos golfinhos de forma não invasiva. Os diferentes tipos de sons produzidos pela toninha são captados utilizando hidrofones e gravadores digitais e posteriormente analisados. Outro método utilizado é o monitoramento acústico passivo (MAP) que permite gravar os sons da toninha de maneira contínua e autônoma por meio de equipamentos instalados no ambiente e assim avaliar o repertório de vocalizações, a distribuição e uso de habitat pela espécie, o que é inédito nos estudos com a toninha.

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